equilíbrio entre inovação e direitos fundamentais

O Equilíbrio Ténue entre o Progresso Científico e os Dirietos Fundamentais: Os Danos causados por IA à luz da resolução do Parlamento e da Proposta de Diretiva

O avanço da Inteligência Artificial (IA) tem vindo a redefinir a forma como vivemos, trabalhamos e tomamos decisões. Sistemas automatizados desempenham papéis cruciais em setores como a saúde, a mobilidade, a justiça e as finanças — oferecendo eficiência, precisão e novas oportunidades económicas.

Contudo, esta transformação tecnológica levanta também novos desafios jurídicos, especialmente no que respeita à responsabilidade pelos danos causados por sistemas de IA. Quando um algoritmo comete um erro — provocando uma decisão discriminatória, um acidente ou uma falha médica —, quem deve responder civilmente? O utilizador, o programador, o produtor, ou o próprio sistema?

A União Europeia tem procurado responder a estas questões através de um quadro normativo inovador, que equilibra o incentivo ao progresso científico com a proteção dos direitos fundamentais. A Resolução do Parlamento Europeu de 2020 e a Proposta de Diretiva de 2022 sobre responsabilidade civil por IA constituem passos decisivos nesse sentido.

Entre os principais desafios destacam-se:

  • A necessidade de um regime de responsabilidade adequado à natureza da IA, capaz de responder a danos provocados por sistemas complexos, opacos e autónomos;
  • A proteção efetiva das vítimas, muitas vezes incapazes de provar a culpa do operador ou de compreender o funcionamento do algoritmo;
  • A conciliação entre inovação tecnológica e segurança jurídica, evitando que a incerteza sobre quem responde pelos danos se torne um entrave ao desenvolvimento.

Face a esta realidade, ganha força a ideia de um modelo misto de responsabilidade civil:

  • Responsabilidade objetiva (sem culpa) para sistemas de IA de alto risco, cujas decisões têm impacto direto na vida ou na segurança das pessoas;
  • Presunção de causalidade em casos em que a vítima enfrenta dificuldades de prova, equilibrando a assimetria informacional entre o utilizador e o produtor.

A proposta europeia prevê ainda mecanismos de transparência e cooperação judicial, permitindo que os tribunais solicitem informações técnicas sobre o sistema, reforçando a confiança e a tutela dos direitos dos cidadãos.

O futuro da regulação da Inteligência Artificial na Europa passa por conciliar inovação com ética, eficiência com justiça e progresso com proteção humana. Só assim será possível construir um ecossistema tecnológico seguro, responsável e verdadeiramente centrado no ser humano.

Na Cavaleiro & Associados, acompanhamos a evolução jurídica da IA, apoiando empresas na implementação de soluções seguras e alinhadas com as orientações europeias para um futuro digital responsável.

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